A nova obra reinterpreta o clássico holandês, tecendo um diálogo entre a visão de Haanstra sobre a Holanda do pós-guerra e as preocupações do presente, num retrato que conjuga humor, distopia e crítica social.

Tal como no filme original, a ação decorre na aldeia fictícia de Lagerwiede, mas enquanto Haanstra projetava uma comunidade unida e em harmonia com a natureza, Fernandes atualiza o cenário para uma paisagem ecologicamente ameaçada, atravessada por tensões políticas e pela crescente polarização da sociedade. No seu enredo, uma filarmónica local, em vez de superar as diferenças para vencer uma competição nacional, afunda-se em conflitos internos e atrasos, acabando por disputar o concurso — agora submerso num lago — com a água até aos joelhos e perante um júri de olhos vendados.

A estreia de "Fanfare 2025" acontecerá no âmbito de duas apresentações distintas: na Solar – Galeria de Arte Cinemática, como instalação multicanal, com cenas distribuídas pelas diferentes salas de forma coreografada e sincronizada, acompanhada pelo storyboard e material de pesquisa; e no Batalha Centro de Cinema, numa versão adaptada para um único canal, projetada num grande ecrã LED. Entre os elementos documentais em exibição poderá estar a investigação sobre filarmónicas militantes na Europa, realizada no contexto do projeto.