Inspirada no icónico filme "Fanfare" (1958), de Bert Haanstra, a nova obra em vídeo de Priscila Fernandes transpõe o enredo e a linguagem cinematográfica da produção original para um contexto atual. Se no filme de Haanstra, a Holanda do pós-guerra surgia como um retrato idealizado de comunidade e tradição, em "Fanfare 2025" essa paisagem encontra-se face a face com as ansiedades e transformações contemporâneas, marcadas pela crise ecológica, pela nostalgia reacionária e pela polarização ideológica.

A fictícia vila de Lagerwiede — símbolo de uma Holanda idílica, com canais, pastos e pontes pitorescas — mantém o seu encanto intocado. O centro da ação é, mais uma vez, uma banda filarmónica local, dominada por rivalidades absurdas e unida apenas por uma missão comum: vencer o concurso anual. Contudo novos elementos se insinuam, os conflitos persistem e o mundo está a afundar-se —literal e metaforicamente. A água sobe até aos joelhos e a música já não convence o júri.

Com 20 minutos de duração, "Fanfare 2025" conta com a participação dos músicos da orquestra De Bergklanken e o apoio da Mondriaan Fonds, Solar – Galeria de Arte Cinemática, Batalha Centro de Cinema e Festival Circular.

Exposição na Solar – Galeria de Arte Cinemática

A Solar apresenta Fanfare 2025 como instalação multicanal, em que as cenas se distribuem pelas diferentes salas de forma coreografada e sincronizada. O percurso expositivo integra ainda o storyboard e materiais de pesquisa, convidando o público a revisitar um imaginário coletivo do passado para refletir sobre questões do presente.

Inauguração: 20 de setembro, 17h00
Patente até: 8 de novembro de 2025

Estreia no Batalha Centro de Cinema

No Batalha Centro de Cinema, a 18 de setembro, às 21h15, terá lugar a estreia do filme em sala, seguida de uma conversa com a artista, Mário Micaelo e o investigador Andrew Snyder. A entrada é gratuita, mediante levantamento de bilhetes no próprio dia (máximo de dois por pessoa).

Conversa performativa no Festival Circular

Integrado no Circular – Festival de Artes Performativas, a 20 de setembro, às 18h00, Priscila Fernandes junta-se aos músicos da Orquestra De Bergklanken para uma conversa performativa aberta ao público. Entre partilhas e memórias, serão discutidos temas como folclore, identidade e vida rural. Fundada há 70 anos, esta orquestra de sopro dos Países Baixos é composta por 47 músicos amadores, representados nesta sessão por Jacoby Bos, Willemiek Nijdam e Harm Nijdam. O encontro realiza-se no espaço da Solar, com entrada gratuita.