O conjunto destes filmes provocaram um efeito alquímico em mim como uma santíssima Trindade feminista. Eles alteraram a minha genética. Eu amo-os pela sua total convicção de lugar e pelas suas protagonistas insurgentes, duvidosas e à deriva, cujas presenças questionam cada contexto social que encontram.

Deborah Stratman

Sem Eira nem Beira*

Agnes Varda

França, FIC, 1985, 105’

O corpo de uma jovem mulher é encontrado congelado numa vala. Através de flashbacks e entrevistas, vemos os eventos que levaram à sua inevitável morte.

* Este filme não consta no programa do festival.

Ter, 11 JUL, 21:45 - Solar – Cinema ao Ar Livre

Wanda

Barbara Loden

EUA, FIC, 1970, 102’

Na sombria e decadente Pensilvânia, Wanda chegou ao fundo do poço. Trabalha esporadicamente, abandonou o marido, perdeu a guarda dos filhos, dorme no sofá da irmã. Bebe e fuma demais, vagueia entre bares e motéis imundos, onde se torna vítima de uma série de homens – incluindo um assaltante de bancos que a vai enredar no seu próximo esquema criminoso.

Qua, 12 JUL, 21:45 - Solar - Cinema ao Ar Livre

Born in Flames

Lizze Borden

EUA, FIC, 1983, 80’

Um filme de guerrilha revolucionário, “Born in Flames” cria uma realidade paralela num futuro próximo, dez anos após a “guerra de libertação social-democrata”, onde diversos grupos de mulheres organizam uma revolta feminista enquanto a igualdade permanece por cumprir. Neste filme de culto, as tecnologias de informação e comunicação são ferramentas para a perspetiva de uma outra realidade política.

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O que é que a voz evoca?  Quem fala e quem não fala?  O que são formas de discurso sem voz? Um programa de filmes sobre falar: em conjunto, em silêncio, em uníssono, em oposição, em amizade. Em honra dos corpos sonoros.

Deborah Stratman

Sex, 14 JUL, 22:45 – Teatro Municipal de Vila do Conde Sala 2

Influential Shorts

Letzte Worte (Last Words)

Werner Herzog

Alemanha, DOC, 1968, 13´

“Last Words” conta a história do último homem a deixar a ilha abandonada de Spinalonga, que havia sido usada como uma colónia para leprosos. O homem recusou-se a sair e foi removido à força. Atualmente em Creta, o homem toca a lira de Creta à noite num bar e recusa-se a falar.

Dubbing (Synchronisation)

Antje Ehmann & Harun Farocki

Alemanha, EXP, 2006, 3’

Um solilóquio de Robert de Niro. A mesma imagem de sempre, as palavras em sete línguas. Antje Ehmann e Harun Farocki apropriam-se de um famoso fragmento do filme “Taxi Driver”, de Martin Scorsese (1976) para repensar a linguagem do cinema em contexto expositivo.

Queen Mother Moore Speech at Greenhaven Prison (Excerto)

People’s Communication Network

EUA, DOC, 1973, 17’

Dois anos após os motins e as mortes em Attica, Nova Iorque, em 1971, foi organizado um dia comunitário numa prisão federal no Connecticut. O evento teve transmissão por cabo na cidade de Nova Iorque. Queen Mother Moore, de 75 anos, fala do seu envolvimento na educação afro-americana em Brooklyn e na resistência ao racismo no Sul.

Solidarity

Joyce Wieland

Canadá, EXP DOC, 1973, 11’

Um filme sobre a greve de Dare no início da década de 1970. Centenas de pés e pernas a mexer, a marchar e a fazer piquetes com a palavra "solidariedade" sobreposta no ecrã. A banda sonora é o discurso de um organizador sobre a situação laboral. "Solidarity" combina uma consciência política, um ponto de vista estético e um sentido de humor únicos na obra de Wieland.

Meio-Dia

Helena Solberg

Brasil, FIC, 1970, 11’

Um adolescente desencantado sonha com alunos que se revoltam contra o professor e destroem a sala de aula, tendo como pano de fundo a ditadura militar brasileira e a rebelde canção de Caetano Veloso "É Proibido Proibir".

Jane Brakhage

Barbara Hammer

EUA, EXP DOC, 1974, 10’

“Ela era tão mais complexa do que o retrato que Stan fez dela em 'Window Water Baby Moving' (1958) que decidi fazer um documentário sobre ela para o meu projeto de licenciatura." - Barbara Hammer. Um documentário sobre a mulher pioneira, a sua sabedoria, filosofia e senso comum: o ponto de vista é o de Jane Brakhage, como ela própria, e não Jane Brakhage, mulher do cineasta Stan Brakhage.

Lightning

Marlene & Paul Kos

EUA, EXP, 1976, 2’

Filmado dentro de um carro, “Lightning” centra-se na observação de fenómenos naturais, apresentando o verso do enigma "Se uma árvore cai na floresta...". Será que a observação altera o curso dos acontecimentos? É possível acreditar em coisas que não se vêem? Nesta experiência, a câmara ocupa uma posição privilegiada – mostrando a mulher e o que ela vê, bem como o que ela não vê.